Eles viajaram ao Brasil por problemas de saúde na família. E não sabem quando vão voltar à Austrália

Gledson Garcez em viagem na Austrália: soube que não poderia embarcar de volta a país pouco antes de entrar no avião.

Gledson Garcez em viagem na Austrália: soube que não poderia embarcar de volta a país pouco antes de entrar no avião. Source: Gledson Garvez (supplied)

As histórias dos brasileiros que voaram ao Brasil para passar alguns dias por emergência familiar e seguem longe de suas vidas no outro lado do mundo


Entre os brasileiros que não conseguem voltar para a Austrália por conta das restrições causadas pelo coronavírus, a situação de Gledson Garcez é uma das mais impactantes.

Vivendo há seis anos em Sydney, onde cursava seu mestrado, Gledson teve que voltar para São Vicente (SP) no início de março por conta do agravamento do estado de saúde de seu pai, que acabou falecendo.
No dia de voltar para Sydney, a companhia aérea não o deixou embarcar por conta do fechamento de fronteiras imposto pelo governo australiano. De quebra, ele acabou contaminado com o coronavírus. Não teve sintomas graves.

“Eu saí para ver o meu pai que estava muito doente, fazia diálise há mais de um ano. Assim que echeguei aqui, depois de uma semana, ele faleceu de insuficiência renal. Depois disso, eu já tinha voo marcado para 25 de março, só que, como vi que tinham muitos países fechando a fronteira, eu antecipei meu voo para o dia 17 de março. E foi nesse próprio dia que recebi uma ligação da UTI para dar a notícia de que ele tinha falecido de insuficiência crônica.”
Gledson Garcez
Source: Gledson Garcez (supplied)
Evidentemente, Gledson ficou abalado com a situação. E não pode mais viajar. 

“Fiquei muito nervoso, sem conseguir pensar direito, e acabei perdendo meu voo. Até então, no dia 17, a Austrália não tinha divulgado que fecharia as fronteiras. Só anunciaram no dia 19 de março. Como eu tinha perdido meu voo, quando consegui remarcar, fui até Guarulhos e não consegui embarcar. Disseram que já tinham fechado as fronteiras (na Austrália). Não daria tempo para entrar lá até o dia 20”.

Gledson Garcez deixou para trás seu mestrado, que conseguiu concluir às duras penas à distância. Agora ele quer retomar a vida que deixou para trás na Austrália, mas sem saber quando. 

“Eu tenho o leasing (aluguel) do apartamento no meu nome. Como eu tinha alguns flatmates (colegas de casa), a gente conversou e as contas estão em dia, não posso reclamar disso. Mas coisas fora do aluguel como celular, plano de saúde que agora não posso usar.”
Na quarentena, ele acabou contraindo o coronavírus, assim como vários integrantes da família. 

“Não há como saber quem passou pra quem, mas acredito que tenha sido a partir da minha irmã (que trabalha na área da saúde). No total foram cinco pessoas. Só que ninguém precisou ir pra UTI. Só minha mãe teve sintomas mais pesados, mas eu não tive absolutamente nada.”

Gledson Garcez vive agora a angústia do presente a partir de um futuro incerto. 

“Eu estou muito preocupado. Isso afeta nossa saúde mental de uma forma ou de outra. A gente não sabe como vai ser nosso futuro, as contas continuam chegando.” 

Volta programada para o Carnaval

Problemas de saúde na família também obrigaram Gabriela Rodriguez a voltar ao Brasil com o parceiro. Seu pai sofreu um AVC, e sua sogra precisaria também passar por uma cirurgia. Foram ao Brasil no fim do ano para não saber mais quando poderão retomar a vida na Austrália.

“Meu marido e eu resolvemos vir para as festas e decidimos ficar até após o Carnaval, assim poderíamos acompanhar a evolução dos dois.

Nossa passagem de volta era para inicio de março, mas uma recaída da minha sogra nos fez mudar a data para 23 de março, sem imaginar que as fronteiras seriam fechadas. Pois bem, aqui estamos desde então sem poder retornar. Cancelamos praticamente tudo o que pudemos, mas algumas coisas ainda continuamos pagando e fora os gastos aqui no Brasil.” 

Gabriela tinha planos de mudar seu visto, mas agora está no limbo sobre quando e se fará isso.

“Estamos no visto 500 (estudante de VET) e estavamos nos preparando para aplicar para o visto 485 (para recém-graduados) no início de junho. (...) Um dos requisitos para aplicar o visto 485 é estar na Austrália, além do prazo de ate 6 meses de finalizado o curso. Questões essas que me preocupam, pois certamente não possamos retornar este ano.”

Tanto Gledson Garcez quanto Gabriela Rodriguez não tiveram nenhum contato de nenhuma entidade do governo australiano sobre a situação deles.

As pessoas na Austrália devem ficar pelo menos a um metro e meio de distância dos outros. Confira os limites no seu estado ou território para o número máximo de pessoas em encontros e reuniões.


Os testes para o coronavírus estão agora amplamente disponíveis em toda a Austrália. Se você  tem sintomas de resfriado ou de gripe, organize um teste ligando para o seu médico ou para a Linha Direta Nacional do Coronavírus no número 1800 020 080.


O App COVIDSafe do governo federal, para rastrear o coronavírus, está disponível para baixar na 'app store' do seu telefone.

A SBS traz as últimas informações sobre o COVID-19 para as diversas comunidades na Austrália. Notícias e informações estão disponíveis em 63 línguas no 
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