Embaixadora de Timor, Inês de Almeida: “O português é identidade e resistência"

Ines de Almeida, embaixadora de Timor-leste na Austrália desde 2020

Ines de Almeida, embaixadora de Timor-leste na Austrália desde 2020 Source: Criador: @JFG/PHOTO Direitos autorais: Media PR

Por ocasião das celebrações do Dia Mundial da Língua portuguesa no Mundo, a SBS esteve à conversa com a embaixadora de Timor-leste, Inês de Almeida. Sendo ela um dos pilares da CPLP (Comunidade dos Países de Língua Portuguesa), num ano especial também para a política de Timor-leste, já que se comemoram os 20 anos de independência do país, Inês de Almeida reforçou a ligação forte e consistente entre Timor e Portugal. Para a embaixadora, a língua que une os dois países é o grande veículo de “identidade e representação da resistência” para o povo timorense.


Para Inês de Almeida, a embaixadora de Timor-leste na Austrália desde 2020, a língua portuguesa representa, nada mais nada menos, do que "os 500 anos de história entre Timor e Portugal".

Diz ela que a língua portuguesa é:

"cultura, identidade e foi um instrumento da resistência timorense [durante o período da invasão, ocupação e luta do povo de Timor-leste pela sua liberdade]. Era a língua usada pelos nossos guerrilheiros, entre eles, nas montanhas”.

A embaixadora refere que “a intenção e o trabalho” dela, e dos consulares de serviço nos estados australianos onde a comunidade timorense tem expressão, é divulgar cada vez mais as escolas de ensino do português neste país e incentivar os timorenses a “darem a língua portuguesa de herança aos seus filhos”.
Embaixadora Inês de Almeida (à direita), ladeada pelo embaixador português na Austrália, Pedro Rodrigues da Silva e Susana Teixeira-Pinto, do Instituto Camões na Austrália
Dia Mundial da Língua Portuguesa: Embaixadora Inês de Almeida (à direita), ladeada pelo embaixador português, Pedro Rodrigues da Silva e Susana Teixeira-Pinto, do Instituto Camões. Source: SBS/Carla Guedes
Já em Timor, mesmo que o recém-eleito Presidente da República, José Ramos Horta, não tenha um papel que se prende diretamente com assuntos tão específicos quanto este, diz Inês de Almeida que,
O governo de Timor está a esforçar-se muito para aumentar a estatística dos timorenses falantes do português.
E os resultados já estão à vista. Diz a embaixadora que
Em 2002, apenas 5% dos timorenses falavam português. Hoje em dia, as estatísticas apontam para os 30%.
Na Austrália, Inês de Almeida confessou-se surpreendida por haver uma professora de português em Melbourne - Alda Retre, presidente da Associação das Comunidades de Língua Portuguesa em Melbourne.

A embaixadora desconhecia este facto, mas assumiu, agora, a responsabilidade de potenciar esta nova informação junto da comunidade timorense de Victoria.

Inês de Almeida, assume até o seguinte:
O meu trabalho, agora, é visitar a escola o quanto antes, falar com a professora Alda e divulgar a escola de Melbourne junto da comunidade
E diz a embaixadora que o fará talvez já na sua próxima viagem ao estado de Victoria.  

É sua intenção comunicar ao maior número possível de timorenses, em Melbourne, que há esta oportunidade de fazerem a manutenção da língua e, mais importante do que isso, de “levarem os seus filhos para esta escola para que eles aprendam a segunda língua da Constituição de Timor-leste, logo a seguir ao tétum que é o dialeto oficial do país”.

Inês de Almeida terminou a nossa conversa confessando que, de todas as palavras portuguesas, há uma que realmente considera ser a sua preferida. É ela, a palavra ´lindíssima´ - a derivação do feminino singular de ´lindo´ que, na verdade, define bem o relacionamento antigo e fortíssimo que une Portugal a Timor-leste e, consequentemente, os portugueses aos timorenses.

Ouça esta curta entrevista na íntegra, clicando no “play” sobre a imagem que abre este artigo. 

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