Final da Liga dos Campeões revive o comércio no Porto

Manchester City fans flock Porto

Source: Twitter

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Confira na crônica do correspondente da SBS, em Lisboa, Francisco Sena Santos.


Foram várias dezenas os voos especiais que nos últimos três dias trouxeram adeptos do Manchester City e do Chelsea para Portugal, sendo que no sábado da final da Champions ficou instalada uma quase ponte aérea, ligando quer Manchester quer Londres com aeroportos portugueses.

Propositadamente não disse com o Porto, cidade palco da final.

Muitos, viajaram de Londres ou Manchester para o Algarve, que está a quase 600 quilómetros do Porto. Quiseram estar em Portugal quando o clube deles joga em Portugal a glória da conquista da Champions. No caso do Algarve, como de Lisboa, vivem o espetáculo do jogo através de ecrãs gigantes, desfrutam a praia que está magnífica, temperatura do ar a meio da tarde 30 graus, agua do mar a 24º no Algarve, dá para saborear bons petiscos e beber grandes vinhos e muita cerveja.

O senhor Rui é o gerente de um dos mais de 50 restaurantes e bares em volta do rio Douro, na Ribeira do Porto e de Gaia.

O senhor Rui, que tem mesas para 60 pessoas de cada vez, tem registada uma receita de 15 mil euros no último sábado de maio de 2019

No ano passado, a pandemia ainda impunha muitas restrições, em vez dos 15 mil euros do ano anterior, fez escassos 3 mil.

Este ano, entre meados de janeiro e final de abril, zero em receitas, teve de, tal como todos os restaurantes e bares em Portugal, fechar portas.

Há uma semana, já podia servir mas com muitas limitações. Mas as pessoas estavam com saudades dos restaurantes e das esplanadas, fez quase 5 mil euros de receita.

Agora, na véspera da final do futebol europeu, num só dia ultrapassou aqueles 15 mil euros de uma jornada média de há dois anos.

É por isso que o comércio do Porto, especialmente os restaurantes e alojamentos, dão graças aos deuses que à última hora trouxeram a final da Champions para Portugal.

A final trouxe nestes dias mais de 40 mil britânicos a Portugal. A maior parte sem poder ver o jogo, porque a limitação máxima permitida no estádio do Dragão é de 16.500 espetadores – sendo que o estádio foi concebido para receber 55 mil.

Condição para os britânicos entrarem em Portugal: terem teste covid negativo, feito nos anteriores dois dias.

É assim que a cidade do Porto está invadida por adeptos britânicos do futebol.

Foram criadas fan zones, separadas, uma para os adeptos do Manchester, outra para os do Chelsea. Estão a 4 quilómetros uma da outra e a policia criou uma espécie de no man's land entre as duas que bem cedo na tarde de sábado ficaram cheias com milhares de adeptos.

Esta final da Champions esgotou os oito principais hotéis de cinco estrelas no Porto, mais uns 10 nas proximidades.

Nos segmentos de hotéis 4 e de 3 estrelas, lotação também praticamente esgotada e, avança o Serviço de Turismo Porto e Norte, a taxa de ocupação nesta semana da final nos hotéis que já estão reabertos (após vários meses de fecho pela pandemia) aproxima-se dos 80%.

Para o turismo é uma prenda formidável.

Em Portugal continuam em vigor algumas restrições pela Covid. É proibido o consumo de bebidas alcoólicas na rua. Bares e restaurantes têm de fechar às 10 e meia da noite.

Mas, desta vez, as autoridades optaram pela condescendência. Não era possível, sem causar incidentes, impedir todos aqueles milhares de pessoas de beber pela noite fora.

É facto que esta complacência gera crispação do lado português.

Há uma semana houve final da Taça de Portugal, o Sporting de Braga ganhou, 2-0, ao Benfica, mas os adeptos não só não puderam entrar no estádio como nem puderam aproximar-se das redondezas.

Agora, para a Champions, mais de 16 mil espetadores nas bancadas.

E os ingleses podem beber pela noite fora, enquanto aos portugueses isso não é consentido, aparece logo a polícia a obrigar a deitar a bebida para o lixo.

A questão é: depois de um enorme jejum, a final da Champions foi um formidável banquete para restaurantes, bares e hotéis do Porto, também do Algarve e até de Lisboa.

Não era sensato impedi-lo, sobretudo porque esses milhares de britânicos, para entrarem em Portugal, tinham de provar não estar infectados pela Covid-19.

Um dado que acrescenta confiança: mais de metade da população portuguesa, sendo que 90% dos acima de 60 anos, já está vacinada.


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