Engenheiros de software falam o que acham do COVIDSafe, o novo app do governo

Health Minister Greg Hunt at the press conference to launch the new app

Health Minister Greg Hunt at the press conference to launch the new app Source: AAP

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Especialistas em tecnologia de software na Austrália fizeram engenharia reversa do aplicativo COVIDSafe do governo para ver como ele funciona e se há algo para nos preocuparmos. Aqui está o que eles descobriram sobre o novo app até agora.


O novo aplicativo rastreador COVID-19 do governo 'COVIDSafe' foi baixado por mais de 4 milhões de australianos.

O aplicativo, que o governo quer que todos instalem o mais rápido possível, tem como objetivo ajudar as autoridades da saúde a identificarem quem entrou em contato com um caso confirmado de coronavírus.

O app faz isso usando a tecnologia Bluetooth e registra o momento em que dois usuários do aplicativo ficaram a uma distância de 1,5 metros um do outro por mais de 15 minutos.
Se cerca de 40% da população australiana baixar o aplicativo, especialistas em saúde dizem que ele terá um enorme impacto na luta para conter o coronavírus e podem acelarar o fim das medidas restritivas atualmente impostas pelo governo.

Mas ao mesmo tempo, especialistas em tecnologia e proteção à privacidade levantaram preocupações sobre os dados que o aplicativo vai coletar.

Nós conversamos com especialistas sobre o que funciona e o que não funciona no app, e se você deve instalá-lo.

Antes do lançamento do COVIDSafe, desenvolvedores de software pediram ao governo australiano que liberasse o código de origem (source code em inglês) do app, o que permitirá que especialistas independentes achem problemas, ofereçam soluções e confirmem se o aplicativo funciona mesmo como o governo disse que fuciona. 

O governo ainda não divulgou o código de origem mas os desenvolvedores de software australianos começaram a fazer engenharia reversa do aplicativo, compartilhando suas descobertas nas mídias sociais.

O desenvolvedor de software Matthew Robbins baixou o app e desconstruiu o código de origem da versão Android do aplicativo.
Robbins trabalha com tecnologia há 10 anos e se especializou no desenvolvimento de aplicativos nos últimos oito anos.

Ele não é especialista em proteção à privacidade, mas sabe sobre desenvolvimento de aplicativos.

Segundo ele, o  aplicativo funciona como esperado, armazenando dados com segurança no telefone do usuário, apenas registrando sinais de outros telefones que também possuem o aplicativo instalado, excluindo automaticamente todos os registros após 21 dias e apenas enviando dados às autoridades de saúde se o usuário der permissão.

O aplicativo não utiliza a localização do usuário (se você é um usuário do Android e ao instalar o aplicativo recebe uma mensagem solicitando acesso à sua localização, essa é uma peculiaridade infeliz do Android - quando você solicita o tipo de acesso bluetooth que um aplicativo como esse precisa, ele também automaticamente pede permissão para saber sua localização (mesmo assim o COVIDSafe não registra ou utiliza dados da sua localização)).
Robbins disse que ‘desconstruiu’ o aplicativo porque estava curioso, mas disse que ficou satisfeito com o que viu.

"Os dados que eles estão coletando são, por falta de uma frase melhor, relativamente benignos", disse ele. "Estou bastante confiante em como o aplicativo foi elaborado."

Robbins disse que achou pequenos erros mas os atribuiu à rapidez do governo de lançar o app. 

Embora ele ainda queira que o governo libere o código de origem completo - inclusive para o aplicativo iOS, que é mais difícil de fazer engenharia reversa do que a versão Android - no geral, Robbins disse que não encontrou muitos motivos para preocupação.

"Acho que vale muito a pena baixar", disse ele.

Vários outros desenvolvedores de software também revisaram o código de origem e incentivaram os australianos a instalarem  o aplicativo.

Alguns problemas foram identificados no aplicativo COVIDSafe até agora.
O aplicativo deve ficar sempre aberto para funcionar - você pode usar outros aplicativos no telefone, mas o COVIDSafe precisa permanecer aberto.

Alguns especialistas levantaram preocupações de que o COVIDSafe possa parar de funcionar em iPhones em algumas circunstâncias. Quando um iPhone entra no modo ‘Pouca Energia’, ou quando muitos aplicativos estão usando Bluetooth, é possível que o COVIDSafe páre de funcionar.

Até o momento, o governo ofereceu informações conflitantes sobre o que os usuários precisam fazer para verificar se o aplicativo está mesmo funcionando.

O site COVIDSafe do governo informa usuários do iOS que, se o aplicativo não estiver funcionando por pelo menos 24 horas, eles receberão uma notificação com instruções sobre como solucionar o problema.

Também é difícil dizer neste momento se o aplicativo usará muito da bateria do telefone; especialistas estão divididos.

Esses problemas não representam uma preocupação na segurança e proteção da privacidade mas podem afetar a eficácia do aplicativo.
Os especialistas em segurança e privacidade estão preocupados com o COVIDSafe?

Antes do lançamento do aplicativo, o conversou com o especialista em privacidade Professor Dali Kaafar, que é o Diretor Executivo do Centro de Segurança Cibernética da Universidade Optus Macquarie.

O professor Kaafar citou algumas preocupações com relação à proteção da privacidade de um aplicativo como o COVIDSafe.

Uma das principais preocupações levantadas por Kaafar e outros especialistas é o fato de que os dados coletados pelo aplicativo serão enviados para um servidor central.

De acordo com o professor Kaafar, quem tem acesso ao servidor central de um aplicativo como esse tem acesso a uma enorme quantidade de informações.

Se esse servidor for hackeado ou acessado por alguém que não tenha boas intenções, ele poderá fazer o que quiser com essa informação.


As pessoas na Austrália devem ficar pelo menos a um metro e meio de distância dos outros e encontros estão limitados a duas pessoas, a não ser que esteja com a sua família ou em casa.

Se você acredita que pode ter contraído o vírus, ligue para o seu médico, não o visite, ou ligue para a Linha Direta Nacional do Coronavírus no número 1800 020 080.

Se você estiver com dificuldades para respirar ou sofrer uma emergência médica, ligue para 000.

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