Brasileiros e australianos entre os 330 políticos e empresários citados nos documentos vazados sobre donos de empresas em paraísos fiscais

Paulo Guedes

Ministro da Economia do Brasil, Paulo Guedes é citado nos documentos vazados do Pandora Papers sobre fortunas escondidas em paraísos fiscais. Source: Mateus Bonomi/AGIF

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Líderes mundiais são citados nos documentos da Pandora Papers, série de reportagens divulgada nesse domingo, 3 de outubro, pelo ICIJ - Consórcio Internacional de Jornalistas Investigativos, com mais de 600 profissionais de 117 países. Estimativas apontam que populações de países pobres são mais afetadas pelas fortunas escondidas em empresas offshore.


O ATO, Australian Taxation Office, declarou que investiga anualmente se há evasão fiscal offshore, e que não depende de documentos vazados para isso, mas que vai analisar as informações da Pandora Papers, para ver se identifica possíveis links com australianos.
 
A declaração do ATO na manhã de hoje foi referente às reportagens publicadas nesse domingo, 3 de outubro, pelo Consórcio Internacional de Jornalistas Investigativos (ICIJ), citando mais de 330 políticos e empresários de todo o mundo, que tem ou tinham empresas offshore.
As empresas offshore são aquelas que ficam fora do domicílio fiscal da pessoa, e que são abertas em paraísos fiscais, locais que cobram pouco imposto ou até mesmo zero de imposto, e ainda protegem o sigilo bancário do cliente. Elas são frequentemente usadas para gerenciar grandes quantias de dinheiro e esconder a verdadeira fortuna do dono da empresa.
 
O Consórcio  Internacional de Jornalistas Investigativos (ICIJ) é formado por mais de 600 jornalistas de mais de cem países, que analisaram mais de 11,9 milhões de documentos durante cerca de um ano para divulgar nesse domingo a série de reportagens batizada de Pandora Papers.
 
Pandora Papers está sendo considerado o maior vazamento de dados e documentos com informações sobre paraísos fiscais até hoje.

O vice-comissário chefe da força tarefa de crimes financeiros do ATO, Will Day, disse hoje que "o fato de ter o nome em dados e documentos vazados não significa que automaticamente a pessoa tenha cometido um crime ou evasão fiscal. Há várias razões legítimas para que uma se tenha uma conta bancária ou empresa offshore. Sabemos que a maioria dos australianos faz a coisa certa. Mas há aqueles que tentam esconder suas irregularidades financeiras através de arranjos offshore. Para esses, a mensagem é clara: seus segredos não estão mais seguros e você pode esperar sentir as sérias conseuqências dos seus atos."
 
Centenas de nomes de australianos sao citados nos documentos vazados, assim como os nomes de líderes mundiais, como o rei da jordânia, os presidentes da Ucrânia, Quênia e Equador, o primeiro-ministro da República Tcheca, o ex-primeiro-ministro britânico Tony Blair e pessoas próximas ao presidente da Rússia Vladimir Putin.
Tony Blair
Ex-primeiro-ministro britânico Tony Blair é um dos politicos citados nos documentos vazados no Pandora Papers sobre empresas e contas em paraísos fiscais. Source: Stephanie Lecocq/Pool via AP, File

No Brasil, foram citados nos documentos o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, e o ministro da Economia, Paulo Guedes. Segundo o Consórcio  Internacional de Jornalistas Investigativos (ICIJ), os dois tinham empresas em paraísos fiscais e as mantiveram mesmo depois de entrar para o governo federal, em 2019. Ambos negam irregularidades nas suas empresas mantidas no exterior.
 
Segundo algumas estimativas, 10% da produção econômica global está parada em centros financeiros offshore, o que custa bilhões de dólares em perda de receita para os governos. dinheiro que poderia ser usado para benefício das populações, em escolas e hospitais, por exemplo.
 
Especialistas dizem que os países mais pobres são os que mais sofrem com as fortunas escondidas nos paraísos fiscais.
 


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