Psicólogos em Portugal começam a cuidar casos de eco-ansiedade em jovens

Students show signs climate change protest in Birmingham, UK - Callum Shaw-Unsplash

Source: Unsplash

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A eco-ansiedade já se faz sentir entre muitos jovens portugueses, e traz um desafio aos psicólogos. Confira na crônica desta semana do correspondente do Programa Português da Rádio SBS em Lisboa, Francisco Sena Santos.


Há quem lide com as alterações climáticas negando ou menorizando a questão, mas há quem leve o assunto muito a sério e já tenha mesmo diagnóstico de sofrer de eco-ansiedade. Já há em Portugal profissionais de saúde dedicados à questão.


Teresa Pereira, psicóloga na plataforma , está, neste momento, a fazer um doutoramento em Psicologia e Alterações Climáticas, na Universidade do Minho, no qual investiga o impacto das questões ambientais na saúde mental de jovens entre os 16 e os 24 anos.
Many climate change protests that happened earlier this year in Australia were lead by young people.
Source: AAP

O projeto junta um grupo de profissionais que se inspiraram no trabalho já desenvolvido pela , no Reino Unido, dedicado à promoção da saúde mental e bem-estar psicológico em cenário de crise climática.


A eco-ansiedade já se faz sentir entre muitos jovens portugueses, e traz um desafio aos psicólogos, que, como explica Teresa Pereira, a consideram “uma reação adequada, porque corresponde a uma ameaça real e, portanto, é diferente da ansiedade psicológica, em que a resposta está aumentada e é desproporcional face ao risco”.

Conta ainda a eco-psicóloga Teresa Pereira: “No dia-a-dia, com relativa facilidade conseguimos dar conforto e encorajamento a uma pessoa que passa por um processo de eco-ansiedade. As alterações climáticas são um problema imenso, e torna-se mais difícil dar segurança e sentido de controlo às pessoas. Pode realmente levar a sentimentos de desesperança, inação. No fundo, que tornam bastante difícil a capacidade da pessoa para lidar com angústia face  ao problema”.


É ainda a eco-psicóloga Teresa Pereira quem explica: “Os mecanismos para lidar com este problema passam por tentar mobilizar sentimentos positivos, a esperança no futuro, resiliência, algum empoderamento da pessoa, o que se consegue por promoção da ação. Uma coisa que se faz muito é incentivar as pessoas a agir. Seja no coletivo ou no ativismo da vida diária, incorporar na vida quotidiana ações que possam contribuir para que possam sentir-se com mais envolvimento com o tema. Também é muito importante o autocuidado: gerir a exposição à informação, como ela é integrada”.


No caso português, é sobretudo em jovens entre os 12 e os 24 anos que está a crescer esta eco-ansiedade.





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