Refugiados afegãos são imediatamente integrados em Portugal

Afghanistan Kabul airport

Afghanistan Kabul airport Source: AAP Image/AP Photo/Shekib Rahmani

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Confira a crônica desta semana do correspondente da rádio SBS, em Lisboa, Francisco Sena Santos.


Portugal vai acolher imediatamente um grupo de 50 afegãos que vão ter o estatuto de refugiados.


Esse primeiro grupo de 50 é formado por afegãos que nos últimos 20 anos cooperaram, a maior parte como tradutores, com a comunidade internacional no Afeganistão.


Portugal teve nestes 20 anos, ao todo, 4500 militares, homens e mulheres, destacados para missões no Afeganistão, alguns com funções de comando. Muitos deles enfrentaram muito duras situações de combate e há a lastimar duas baixas, um soldado comando de operações especiais e um pára-quedista.


Alguns dos militares que estiveram em missão no Afeganistão estão agora a ser chamados para esta nova tarefa, a de acolhimento de afegãos que sentiram necessidade de partir.


Está a ser dada prioridade aqueles que trabalharam diretamente com as missões portuguesas, embora haja a noção de que este não é tempo para escolhas.


É sabido que há milhares de afegãos em volta do aeroporto de Cabul em espera de voo de saída, e muitos milhares mais que tentam mas ainda não conseguiram chegar ao aeroporto, são barrados em checkpoints do novo poder taliban.


Há um relato, um carro com 3 funcionários diplomáticos europeus, foi parado em controlos por patrulhas do novo poder taliban, por 14 vezes, no percurso, cheio de gente, entre a cidade de Cabul e o aeroporto. Estes diplomatas conseguiram chegar ao aeroporto dominado por soldados americanos mas viram que muitos milhares de pessoas estão a tentar, primeiro, chegar ao aeroporto, depois, embarcar num dos aviões da ponte aérea.


"É tudo uma questão de sorte, aproveitar uma sucessão de brechas e conseguir chegar à placa do aeroporto”, relata um desses funcionários diplomáticos que também contou que os soldados americanos estão com uma missão ingrata que é a de, quando a situação se torna insustentável, afastar gente que tenta sair do país.


Portugal, para já, recebe 50 afegãos e pretende-se que sejam imediatamente integrados. Já estão a ser preparados acessos a universidades e postos de trabalho em diferentes regiões do país. Pretende-se que a integração seja eficaz mas discreta.


Para além destes primeiros 50, outros mais, certamente, virão a seguir.



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