Quem é o alemão principal suspeito do assassinato de Madeleine McCann?

This undated file photo shows missing British girl Madeleine McCann.

Os pais de Madeleine McCann disseram estar contentes com os progressos na investigação e que ainda guardam esperança que Madeleine esteja viva Source: Press Association

É sempre de seguir a prudência, mas estamos perante o que pode ser o início da resolução de um caso que há 13 anos emocionou meio mundo.


Imprevisto desenvolvimento, nestes últimos dias, no caso célebre do desaparecimento de Maddie, a pequena britânica Madeleine Beth McCann.

Detetives da polícia alemã e da britânica, também em colaboração com uma coordenadora de investigação da Judiciária portuguesa têm indícios robustos que apontam para o desaparecimento, em 2007, ter sido provocado por um delinquente sexual alemão, tambem suspeito de responsável pelo desaparecimento, na Alemanha, há 5 anos, de Inge, uma menina alemã.

O homem sobre quem recai a forte suspeita tem largo cadastro, com 17 condenações. Chama-se Christian Bruckner, tem agora 43 anos e história de predador sexual, com vários outros delitos

Começou por ser condenado um pouco antes dos 18 anos de idade, por tentativa de abuso sexual de uma criança e exibicionismo sexual diante de crianças.

Foi condenado à pena de internato num colégio de reeducação com trabalho obrigatório em lares para idosos.

Arranjou uma namorada e fugiu com ela para Portugal, escapando assim à condenação do tribunal alemão – a polícia portuguesa não soube que aquele alemão fugia à justiça alemã.

Viveram, Christian e a namorada, numa van VW Westfalia (tipo pão de forma). Instalaram-se junto ao mar do Algarve, na Praia da Luz. A namorada depressa regressou à Alemanha, mas ele não podia voltar antes da extinção do tempo de aplicação de pena.

Ficou 12 anos (1995/2007) no Algarve; partiu logo a seguir ao desaparecimento de Maddie, em 2007.

Nessa dúzia de anos no Algarve, para arranjar dinheiro, dedicou-se a tarefas várias. Limpava as piscinas das casas de estrangeiros residentes no Algarve, fazia de mecânico de automóveis e também tratava arranjos em residências de férias.

Foi apanhado em roubos em casas e hotéis. Levado a tribunal, era condenado com penas leves. Também trabalhou a servir em bares.

Várias vezes foi acusado de abusos sexuais. Está neste momento preso,  condenado em dezembro passado na cidade alemã de Braunschweig, pela violação, em 2005, de uma mulher americana de 72 anos.

O processo foi conduzido com base, em grande parte, em provas de DNA. Este crime foi cometido em Portugal mas Christian Bruckner invocou a legislação europeia que lhe permite ser julgado no país de origem.

Em tribunal, o réu negou as acusações, designadamente de tortura para forçar o sexo. Foi condenado mas recorreu da pena.

Em parte dos 12 anos que passou no Algarve, Christian Bruckner teve uma vivenda perto da Praia da Luz onde Maddie desapareceu. Às vezes alugava-a e nesse tempo usava a carrinha VW Westfalia como alojamento de ocasião.

Este Chritian Bruckner é o novo protagonista que faz ressurgir, 13 anos depois, o caso célebre do desaparecimento de Maddie, a pequena Madeleine Beth McCann.

Os detetives têm indícios de que a ação criminosa começou por ser tentativa de roubo na casa alugada pelos McCann, no resort Ocean Club, na Praia da Luz. Dentro da casa que estava a assaltar, encontrou Maddie, que aquela hora (perto das 9 da noite) deveria estar a dormir, com os dois irmãos bebés no mesmo quarto.

A suspeita é a de que terá abusado sexualmente dela e, a seguir, cometido homícidio. Tudo, provavelmente, na mesma noite de 3 de Maio de 2007.

A vários índicios recolhidos pelos detetives da polícia britânica e alemã, incluindo dados do computador apreendido e telefonemas intercetados que os investigadores não querem ainda revelar, junta-se uma confissão que o próprio terá feito a um amigo, num bar, antes de ser preso. Ele estaria com muito álcool quando num ecrã do bar passava uma reportagem sobre o desaparecimento de Maddie. Ele riu-se e comentou com alguém que não tinha sido assim como estava a ser contado.

Os comentários que fez dão muita sustentação à linha de investigação que o coloca como forte suspeito.

O mistério em torno do desaparecimento, em 2007, da pequenina Madeleine McCann, então à beira dos 4 anos de idade, da casa do resort Ocean Club, na Praia da Luz, no Algarve, onde passava férias com os pais e os dois irmãos bebés tem assim, 13 anos depois, robusto desenvolvimento.

Recorde-se que naquela noite de 3 de Maio de 2007, os pais de Maddie, ambos médicos, jantavam com um grupo de amigos num restaurante do ‘resort’, a cerca de 50 metros do apartamento que alugaram para duas semanas de férias. Tinham chegado ao Algarve a 28 de abril.

A Praia da Luz é um dos paraísos para férias tranquilas no Algarve. É uma zona que ao longo do ano, com clima sempre ameno, é predominantemente frequentada por turistas britânicos, alemães e holandeses.

É uma aldeia turística dominada por apartamentos de férias em condomínios com piscinas, sempre com a área da praia em concha muito perto. Vários bares e restaurantes satisfazem a procura dos turistas.

Naquela noite, o casal McCann foi jantar, com dois casais amigos, a uma esplanada que tinha o apartamento à vista. É uma zona muito calma, são raras as pessoas estranhas ao resort.

A meio do jantar, o pai de Maddie, o médico Gerry McCann foi ao apartamento verificar que os filhos continuavam a dormir tranquilos. Os dois bebés, sim, mas Maddie, que ia fazer 4 anos, não estava.

Começou por procurar ali por perto, preocupado foi à piscina, verificou que tudo parecia normal, avisou a mulher e os amigos que não encontrava a Maddie. Também não havia gente na rua, não tardaram a pedir a ajuda da polícia, para procurar a criança.

Nessa mesma noite, a televisão britânica Sky News noticiou que uma criança britânica tinha desaparecido num lugar tão preferido pelos britânicos como é a Praia da Luz, no Algarve.

O caso deste desaparecimento depressa ganhou repercussão internacional. Dezenas de jornalistas estrangeiros concentraram-se na Praia da Luz para relatar as operações de busca, então conduzidas pela policia portuguesa.

O caso tornou-se um folhetim informativo, com sucessivas reviravoltas. Um site na internet, findmadeleine.com, chegou a mais de 40 milhões de visitas em cada dia.

Várias pessoas foram interrogadas como suspeitas. A policia, com apoio de cães treinados para buscas, fez escavações em múltiplos lugares e buscas na costa à procura de sinais do corpo de Madeleine.

Os dias, as semanas, os meses foram passando sem que o mistério tivesse esclarecimentos credíveis. Abundaram pistas e até testemunhos de possíveis avistamentos de Maddie, mas sem consistência.

Em setembro, quatro meses depois do desaparecimento, um desenvolvimento dramático: o investigador chefe da polícia judiciária portuguesa, o controverso Gonçalo Amaral, lançou a pista de envolvimento dos pais no desaparecimento da filha. Kate McCann foi interrogada ao longo de 11 horas consecutivas.

A opinião pública ficou mais abalada, dividida sobre a violência para a família, decorrente da suspeição lançada sobre os pais. Esta tese veio a cai ao fim de algumas semanas e o inspetor afastado da condução do processo.

Agora, 13 anos depois, a reviravolta. Aquele alemão que escapou aos detetives do caso em 2007 aparece agora como consistente suspeito. A polícia alemã dá Maddie como morta. A britânica mantem em aberto todas as hipóteses. Para os pais, o calvário da incerteza não para.

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