Portugal em choque pela tortura a um imigrante

Nos inícios de Março, a polícia de fronteiras portuguesa, com absoluto domínio e controlo da situação, torturou e matou um cidadão ucraniano no aeroporto de Lisboa. Alguns colegas dos homicidas encobriram o crime

Nos inícios de Março, a polícia de fronteiras portuguesa, com absoluto domínio e controlo da situação, torturou e matou um cidadão ucraniano. Source: AAP

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Já se discute a extinção do Serviço de Fronteiras e a criação de um corpo com outra cultura


José Brito, imigrante em Portugal e ex-pescador em Cabo Verde, a morar em Portugal desde outubro de 2004, salvou um homem de 68 anos de se afogar no rio Tejo.

Quando estava, com o filho, a beber um refresco no Terreiro do Paço, coração de Lisboa, junto ao rio reparou no homem que se afogava e de imediato lançou-se ao rio.

"Saltei para a água e nadei até ele. Não se mexia. Puxei-o até à margem e, não sei como, tive força para pegar nele e colocá-lo nas escadas. Não respirava e já estava a espumar da boca, mas virei-o de lado para que mandasse fora a água que tinha nos pulmões. Também fiz massagem cardíaca e resultou”, relata José Brito.
Alguém que passava ali captou as imagens e publicou tudo nas redes sociais. O vídeo tornou-se viral. Este cabo-verdiano com pouco dinheiro na vida, tinha vindo para Portugal em 2004, tornou-se herói português.

Tal como António Doce, 45 anos, agente da polícia. Também no fim de semana, mas em Évora, estava em dia de folga. Viu um homem, numa praça, a agredir com violência a companheira. Apesar de à paisana, por estar de folga, correu a separá-los. O agressor fugiu, o guarda ficou a ajudar a mulher tombada. Mas o agressor apenas tinha saltado para o volante da furgoneta, avançou sobre o guarda, atropelou-o. O guarda foi arrastado por 40 metros, por aquela furgoneta. António Doce teve morte imediata. Também está a ser reconhecido como herói.

António Doce e José Brito estão a ser uma espécie de consolo perante o trauma do caso recém revelado, apesar de acontecido há 9 meses, e que está a indignar Portugal e a dominar o debate político:

Nos inícios de março, a polícia de fronteiras portuguesa, com absoluto domínio e controlo da situação, torturou e matou um cidadão ucraniano no aeroporto de Lisboa. Alguns colegas dos homicidas encobriram o crime. Há 12 cúmplices. A diretora do Serviço de Fronteiras demitiu-se. Está em discussão acalorada saber se o ministro da tutela tem condições para continuar. E, sobretudo, o que há que reformar para que nunca mais aconteça um abuso assim por parte da polícia que responde pelo Estado. Já se discute a extinção deste Serviço de Fronteiras e a criação de um corpo com outra cultura.

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