Pesquisas confirmam favoritismo do primeiro-ministro socialista nas eleições gerais de 30 de janeiro em Portugal

António Costa, líder do governo português

António Costa, líder do governo português Source: Bernd von Jutrczenka/dpa

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As pesquisas sobre intenções de voto sucedem-se e há uma constante: o PS lidera as sondagens com 38 a 40%, ou seja, a percentagem que tem sido constante nestes últimos 6 anos. A novidade vem do PSD que sobe de 26 para 31% e assim encurta para apenas 7 pontos percentuais a distância para o maior partido.


O cenário com mais probabilidade é o da continuação em Portugal de um governo de centro-esquerda conduzido pelo Partido Socialista e por António Costa, que está há seis anos em funções como primeiro-ministro, mas este ano 2022 começa em Portugal com alguma dose de incerteza política decorrente de eleições gerais antecipadas já no final deste mês, em 30 de janeiro.


As eleições decorrem porque os partidos mais à esquerda que nos anteriores seis anos apoiaram o governo do PS, em novembro votaram contra o orçamento de Estado – reivindicavam mais apoios sociais e mais investimento em serviços públicos em setores como a Saúde e a Educação.


Este divórcio do Partido Socialista com a esquerda mais à esquerda coloca várias questões em volta das eleições de 30 de janeiro, a principal das quais é: que maioria vai ser possível para apoio ao governo?


As pesquisas sobre intenções de voto sucedem-se e há uma constante: o PS lidera as sondagens com 38 a 40%, ou seja, a percentagem que tem sido constante nestes últimos 6 anos.


A novidade vem do PSD que sobe de 26 para 31% e assim encurta para apenas 7 pontos percentuais a distância para o maior partido.


O PSD é o partido que tem comandado a oposição à direita. A subida do PSD pode ser explicada pela grande notoriedade que o partido teve nas últimas semanas, com campanha para eleição do líder e congresso partidário.


O líder do PSD dos últimos 3 anos, Rui Rio, que tem posicionado o PSD numa faixa ideológica de facto no espaço social-democrata, foi desafiado por uma candidatura liberal, mais para a direita, protagonizada pelo euro-deputado Paulo Rangel. As figuras de topo, os chamados barões, alinharam com Rangel, mas as bases embora por escassa margem, confirmaram a liderança de Rio, o dirigente que parecia sem apelo político.


Na eleição interna, Rui Rio conseguiu surpreender e impor-se. Será que na eleição nacional pode também surpreender? É improvável, mas não é impossível. O que parece muito provável é que o PSD passe a ter mais peso político.


Tudo aponta para regresso à polarização entre estes dois partidos principais: o PS a agregar o voto das esquerdas e o PSD a agregar o voto das direitas.


Na sondagem feita pelo ISCTE e publicada no final do ano pelo Expresso e pela SIC, todos os outros partidos aparecem com um só dígito:


O Chega, de extrema-direita, com 7%

A CDU, aliança comunista, com 6%

O Bloco de Esquerda, com 5%


A Iniciativa Liberal, com 4%


O CDS/PP e o PAN(Partido dos Animais e Natureza) com 2%.


Factos relevantes:


- A afirmação de um partido nacionalista de extrema-direita, o Chega, com 7%



- A queda para metade das intenções de voto, tanto do BE como do CDS/PP.



O Bloco de esquerda é penalizado por ter feito cair o governo do PS. Muitos dos seus eleitores estarão agora com o PS. O CDS/PP é castigado pelas lutas internas com purga de dirigentes históricos. Algum voto CDS transita ou para o PSD ou, sobretudo para a Iniciativa Liberal.


Esta distribuição de intenções de voto mantem a esquerda majoritária, com 51%, enquanto a direita chega aos 44%.


O cenário mais provável é o de novo governo do PS chefiado por António Costa. Sendo praticamente impossível o cenário de maioria absoluta a questão é: quem vai dar maioria de apoio ao governo do PS?


É improvável a reedição do pacto das esquerdas. Será um governo minoritário dependente de acordos à direita com o PSD? Não será fácil. É assim que já há quem admita a necessidade de novas eleições talvez no ano que vem, se houver sinais de que podem ser clarificadoras.


Por agora, o mais provável é um terceiro governo do socialista António Costa. Terá, tudo o indica, várias mudanças em relação ao atual. Devem sair os ministros das Finanças e da Economia, João Leão e Nelson de Sousa. Fala-se de Fernando Medina, ex-presidente da câmara de Lisboa para uma destas pastas, talvez as Finanças e Ana Abrunhosa a gerir a economia e os amplos fundos europeus


Augusto Santos Silva, ministro dos Estrangeiros vai continuar no topo dos lugares de nº 2 como ministro de Estado, juntamente com Mariana Vieira da Silva e provavelmente Marta Temido e Pedro Siza Vieira. Outro indiscutível é Pedro Nuno Santos, vitorioso com a recuperação da TAP como companhia aérea portuguesa de bandeira e o relançamento do transporte ferroviário.


Por agora, há que esperar pelo dia das eleições, 30 de janeiro. A partir deste domingo começam os debates nas rádios e televisões. Serão ao todo 30, em modelo de frente a frente. O mais esperado é o de quinta-feira, 13 de janeiro: António Costa frente a Rui Rio, é o duelo no topo.



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