Os números portugueses são mais baixos do que os dos vizinhos europeus. O que explica a diferença?

A municipal worker during the desinfection of the streets close to Belem Palace in Lisbon.

Um funcionário da prefeitura desinfetando as ruas próximas ao Palácio de Belém em Lisboa. Source: AAP

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Em Portugal, nesta semana, 40 mortos em dois dias. Total do mês de março que é também o total de mortes pelo covid-19 em Portugal: 160. Junta-se um outro número: cerca de 7500 infetados desde o primeiro caso, há 31 dias.


Os números portugueses são substancialmente mais baixos do que os dos vizinhos europeus, mesmo com comparação proporcional ao tamanho. A vizinha Espanha tem 95 mil infetados e o total tremendo de 8.189 mortos. Espanha anuncia, no balanço diário, sempre mais de 800 falecidos por dia em cada um dos últimos quatro dias, muitos deles residentes em regiões fronteiriças com Portugal, como a Andaluzia e a Galiza.

O que explica esta diferença, pelo menos por agora, nas trágicas consequências?

Admite-se que sejam decisivas as medidas tomadas em Portugal a meio do mês de março, designadamente o fecho de todas as escolas, das creches às universidades, e, logo a seguir, o fecho de toda atividade comercial e industrial que não é absolutamente vital.

A declaração do estado de emergência, com confinamento geral, está a ser seguida com grande responsabilidade cívica por enorme maioria da população portuguesa.

O trânsito nas auto-estradas está com quebra de 95% em relação ao mesmo dia de há um mês.

O mesmo nos transportes públicos que ainda funcionam.

Nas cidades, no centro como nos bairros, praticamente não há pessoas nas ruas, exceto este ou aquela que vai às compras no mercado mais próximo ou alguém em breve caminhada como a atividade física permitida.

É facto que os números não exponenciais de casos mortais terão levado a algum relaxe nos últimos dois dias, com gente que não aguentava mais estar fechada em casa a meter-se no carro.

Mas a policia montou barragens nas entradas e no interior das cidades, e está a mandar de volta a casa quem não tem justificação forte para andar na rua.

As consequências económicas anunciam-se tremendas. A TAP Air Portugal, principal transportadora aérea portuguesa tem em terra praticamente toda a frota de 115 aviões. Há apenas meia duzia de aviões que voam em serviços mínimos para abastecimento dos arquipélagos dos Açores e da Madeira. A TAP, aliás, prepara-se para ainda esta semana colocar em lay-off, nos termos definidos pelo governo português, pelo menos 9 mil dos 10 mil trabalhadores da companhia.

O Estado português está a assumir esse encargo imenso de suportar os salários para evitar despedimentos e salários.

Há moratórias em todo o tipo de pagamentos.

O ministro da economia já anunciou, só com este encargo, um gasto de mil milhões de euros em cada mês desta paralisação total em curso. O suporte financeiro inclui os trabalhadores precários, por exemplo os dos tuk-tuk, os triciclos motorizados que transportam turistas em Lisboa e em outras cidades.

O turismo representa 15% da receita anual portuguesa. Neste momento está a zero, com toda a força de trabalho parada.

Tudo em nome do combate ao vírus terrível e invisível. A prioridade, agora, é fazer dique diante da vaga do vírus. Depois, vai ser hercúlea a tarefa de voltar a levantar a economia.

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