Média de 2 mil contágios diários por Covid em Portugal

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Source: lisboa.net

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Os dias sucedem-se e os números subsistem ou crescem, inquietantes, especialistas previnem que país pode chegar aos 3 mil.


O número de mortes cresce, entre os 10 e os 20 em cada dia. Dispara também o número de hospitalizados e de pacientes que necessitam de cuidados intensivos.

Perante este quadro, estão iniciadas consultas que devem levar, também em Portugal, ao recolher obrigatório noturno.

Recolher obrigatório é uma expressão forte carregada com evocações guerreiras.

Usá-la visa necessariamente obter um efeito psicológico sobre a população.

Está a significar que o momento é grave e que as consequências da condescendência, da negligência – até do desrespeito de algumas pessoas pode ter efeito desastroso.

Esta decisão de paragem de toda a atividade exterior durante a noite poderia ser definida como confinamento noturno.

O presidente francês optou por passar por cima de eufemismos, preferiu transmitir a noção da gravidade da decisão, chamou-lhe recolher obrigatório – noturno e a reforçar o grau da emergência

Fixou para início do recolher em cada noite uma hora a que muita gente ainda nem começou a jantar: 9 da noite. Recolher obrigatório, ninguém na rua, exceto por caso de emergência ou tarefa essencial, entre as 21 horas e as 6 da manhã.

É a decisão que Macron está a impor a Paris, Lille, Lyon, Marselha e a outras das principais cidades e regiões de França.

Para que o abanão seja ainda mais forte, o presidente francês avisou que isto é para durar. A lei permite o máximo de 4 semanas – ele já avisou que quer prolongar – falou em para já 6 semanas.

Berlim, na Alemanha, já tinha decidido o fecho de bares e restaurantes a partir das 11 da noite, mas sem chegar à designação – e ao efeito – com mais carga dramática de recolher obrigatório.

A Bélgica – seguiu – esta via do abanão forte - com fecho geral de cafés, bares e restaurantes, para além de recolher obrigatório noturno – tudo para já, por um mês. Com o ministro belga da saúde a entender que o estado do contágio justifica alarmar e a declarar – estamos perante a proximidade de um tsunami, não estamos a conseguir controlar a pandemia.

A explicação passa pelos números: o quadro inquieta quando é passada a fasquia de 150 positivos a covid por 100 mil habitantes. A Bélgica está com 1250.

Um líder médico de cuidados intensivos, o professor Henrion, explica no diário Le Soir: nós fizemos o que podíamos para estarmos preparados para esta previsível segunda vaga, mas não esperávamos que isto se tornasse tão catastrófico. Chega a falar de apocalipse nas urgências em Bruxelas – este médico não escond fúria plo descuido das pessoas com as máscaras.

A Bélgica também decidiu proibir – ajuntamentos na rua de mais de duas pessoas – e adoção do teletrabalho em tudo onde seja possível.

Itália era o país que, depois da catástrofe covid na primavera parecia estar a enfrentar bem e a travar esta segunda vaga. Tudo mudou nos últimos 10 dias. Só no dia de ontem, mais 10 mil infetados e mais 89 mortes. A pressão sobre cuidados intensivos está tremenda – só ontem 73 pacientes a mais nesses cuidados especiais.

É assim que, embora a evitar o confinamento total, a Lombardia, a região que é motor de Itália (10 milhões d pessoas em Milão, Bergamo, Brescia, Varese, Verona) entra hoje em recolher obrigatório noturno. Não só fecho de cafés, bares e restaurantes – mas proibição total de circulação ou presença na rua a partir das 11 da noite e até às 5 da manhã (exceto para emergências de saúde).

É associado a constatação de que os ajuntamentos fora de controlo na noite – estão a ser terreno fértil para a progressão do vírus.

Depois da Lombardia, também o vizinho Piemonte (turim e Genova) e a sul a Campania (Nápoles) - decidem stop à movida noturna – a partir de sexta-feira, Turim fecha bares, cafés e restaurantes às 9, as duas regiões adotam recolher obrigatório às 11 e mais – fecham centros comerciais, exceto para alimentação e farmácia – nos fins de semana.

Em Espanha, perante, só no dia de ontem, mais 13 mil contágios e (terrível) mais 218 mortes em apenas 24 horas, também iminente a medida drástica – o governo Pedro Sanchez prepara-se para decretar estado de alarme e recolher noturno obrigatório com proibição de todos os movimentos em toda a Espanha, para além de outras restrições.

São decisões duras – por agora travar os convívios presenciais entre familiares e de amigos, mas a manter ainda o essencial da atividade escolar e económica, embora com o maior recurso possível ao teletrabalho.

É um sacrifício que está a ser pedido a todos, um tempo severo – para evitar o mais terrível sacrifício que é ficar atacado plo vírus.

A expressão recolher obrigatório, em vez de confinamento ou clausura noturna, evoca o tempo passado da guerra na Europa – não há que explorar o vocabulário guerreiro, nem as culpabilizações, nem pretender lições de moral – o que está em causa é no caso, uma Europa, um país, uma comunidade de cidadãos solidários.

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