Casal na Nova Zelândia paga por visto mas agente 'esquece' prazo de aplicação

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O processo de aplicação para o visto começou em março de 2022 e se encerrou em 31 de julho do mesmo ano. Newton e Núbia enviaram todos os documentos e fizeram o pagamento já em março.

Brasileiros que vivem em Auckland há quase uma década estão com risco de ter que deixar o país por imprudência de agente de migração que recebeu todos os pagamentos e documentos, mas esqueceu de fazer a aplicação do visto de residência do casal.


Que o sonho de morar fora, na realidade tem muitos desafios, isso não é uma novidade, mas já pensou passar por todas as dificuldades para conseguir juntar documentos e recursos para aplicar para um visto, pagar tudo para o agente de migração e receber a notícia que você está em risco de ter que sair do país porque o profissional que você contratou para fazer a aplicação do seu visto simplesmente “esqueceu o prazo de aplicação”?

O que parece um pesadelo, vem sendo a realidade de Newton Santos e Nubia desde 2022. O casal de mineiros, Newton que mora na no Nova Zelândia há oito anos, e Núbia há sete passaram por diversas fases na sua jornada como migrantes, mas em 2021 o governo da Nova Zelândia abriu um precedente para aplicação de residência no país para pessoas que moravam e trabalhavam lá há mais de três anos incluindo o período da pandemia, o 2021 Residence Visa (RV2021).

A rota de residência única foi oferecida em 2021 para quem tinha visto de trabalho e residia no país, e já teve mais de 200 mil aplicações de visto aprovados até o momento.

Essa era a oportunidade que Newton e Núbia estavam esperando há muito tempo. Eles preenchiam todos os requisitos solicitados para o visto. Como esse não era o primeiro processo de aplicação que eles estavam fazendo, nada mais óbvio que fazer o novo processo com a mesma agente de migração dos vistos anteriores.

“Havia três parâmetros para poder aplicar para residência neste visto. Nós nos encaixávamos nos três itens, então escolhemos um para fazer nossa aplicação com a mesma legal advisor que fez os nossos vistos anteriores”, lembra Núbia.

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Newton que mora na Nova Zelândia há oito anos, e Núbia há sete anos.
O processo de aplicação para o visto começou em março de 2022 e se encerrou em 31 de julho do mesmo ano. Newton e Núbia enviaram todos os documentos e fizeram o pagamento já em março, e desde lá entravam em contato periodicamente com a agente da empresa de Auckland, Sunrise Immigration Services, sobre sua inscrição.

“Como já tínhamos feito dois vistos com ela, nós confiávamos. Mas mesmo assim não deixamos de estar sempre perguntando sobre o processo, e a ouvíamos que ‘só precisava esperar a resposta final da imigração, mas que estava tudo certo’”, diz Newton, que tem todos os e-mails e mensagens com a agência registrados.

O casal lembra que mesmo durante o período de aplicação, várias pessoas que eles conheciam já estavam recebendo a resposta de suas solicitações de visto, e quando eles questionavam a agente, ouviam que só precisavam esperar.
Até onde sabíamos, estava tudo bem.
Em agosto, após o encerramento do prazo de aplicação, foi quando a agente, depois de muita insistência do casal para que ela enviasse o comprovante da aplicação, ao checar seu e-mail descobriu que a aplicação nunca tinha sido efetuada.

A agente alega que ficou doente durante o período e que isso afetou o seu trabalho. Mas o casal ressalta que o tempo que ela ficou doente foram de três semanas, e eles estavam solicitando resposta dela durante os cinco mês desde quando pagaram pelo serviço em março, até o encerramento das aplicações em julho.
Gastamos em torno de $ 6.000 dólares no processo de aplicação, além de todo o tempo investido.
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Em 2021 o governo da Nova Zelândia abriu um precedente para aplicação de residência no país para pessoas que moravam e trabalhavam lá há mais de três anos incluindo o período da pandemia, o 2021 Residence Visa (RV2021).
Ao ser questionada a razão pela qual a agente não aplicou o visto, a mesma argumentou que sua assistente que esqueceu de processar o pedido. “Ela tinha uma assistente que estava aplicando para os vistos sem licença. Isso pesou para ela e ela foi julgada e levou uma advertência da migração. Mas foi só isso”, diz Newton.

O casal, que tem seu visto de trabalho atual terminando no mês de agosto deste ano, explica que o visto atual tem várias limitações, apesar de permitir que Newton trabalhe, não permite que ele estude, e nem que a Núbia estude por mais de três meses ao ano. A necessidade de trocar de visto para o casal, era fator vital na sua vida na Nova Zelândia.
Até hoje parece um pesadelo o que estamos vivendo aqui hoje
Desde agosto de 2022 os brasileiros vêm tentando entrar com recursos jurídicos mediante advogados para ter sua aplicação para o visto aceita ainda nos parâmetros do processo inicial, já que depois das recentes mudanças do governo, eles não se encaixariam nos requisitos atuais para o visto de residência.

“Nós não temos pontuação para aplicar para nenhuma residência, e o nosso visto vence em agosto”, diz Núbia.

Apesar do valor pago a agente de migração ter sido devolvido, Newton e Núbia anseiam que o processo da aplicação seja concluído. Após duas negativas do Departamento de Imigração, o casal foi orientado de abrir uma petição pública em suas redes para conseguir assinaturas online para solicitar mais uma vez a revisão do seu caso.

O caso dos brasileiros já foi publicado na mídia da , e agora na Austrália pela SBS. A repercussão da história trouxe à tona outros casos de imprudência no trabalho oferecido pela agente e a empresa de migração.

“Desde que o caso saiu na mídia, ficamos sabendo de outras aplicações que foram ‘esquecidas’ e reclamações de outras pessoas. Por isso, sempre se informe sobre os profissionais que você contrata”, ressalta Newton.
E mesmo se algo parecido acontecer, não desiste! Corre atrás, a gente investe tanto tempo e dinheiro aqui para desistir assim. Por isso estamos fazendo essa petição pública nas nossas redes
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